quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O primeiro embrião humano clonado

Com os avanços da biotecnologia, a clonagem de animais e plantas foi-se tornando uma ocorrência relativamente comum nos meios científicos e deixou a porta semiaberta para um polêmico assunto: a clonagem de seres humanos. No início de 2002 a comunidade científica foi informada de que um degrau nessa nova empreitada já fora galgado: Jose B. Cibelli, Robert P. Lanza e Michael D. West, da Advanced Cell Technologies, uma empresa de biotecnologia de Massachusetts (EUA), anunciaram na revista Scientific American que já haviam realizado os primeiros estágios da clonagem de embriões humanos. Segundo eles, o sucesso veio em 13 de outubro de 2001, após meses de tentativas. O plano original era induzir os embriões a dividir-se em esferas ocas de aproximadamente 100 células denominadas blastocistos, isolar delas as células-tronco humanas, que serviriam como estoque inicial para o cultivo de nervos, músculos e outros tecidos que poderiam vir a ser usados no tratamento de várias doenças. Não obtiveram êxito completo: apenas um dos embriões da experiência dividiu-se até chegar ao estágio de seis células. Mas, em outra experiência, os pesquisadores conseguiram induzir óvulos humanos a desenvolver-se partenogeneticamente (ou seja, segmentar-se sem fecundação) em blastocistos. As duas novidades foram anunciadas pelos cientistas como a alvorada de uma nova era. Assim, a meta da clonagem terapêutica começa a ficar ao alcance da ciência. Para iniciar as experiências com clonagem de embriões humanos, a alta cúpula da Advanced Cell Technologies decidiu – depois de obter a aprovação de seus especialistas quanto aos aspectos éticos e legais da questão – selecionar mulheres que desejassem contribuir com óvulos a serem usados nos procedimentos de clonagem e ainda coletar células de indivíduos a serem clonados (os doadores). O processo de clonagem parece simples, mas seu êxito reside na observância de várias minúcias, algumas das quais ainda não estão resolvidas. No caso do método de transferência nuclear, um óvulo maduro tem seu material genético sugado por uma agulha extremamente fina e depois recebe o núcleo da célula do doador (ou, às vezes, a célula inteira). O óvulo é então incubado sob condições especiais que lhe permitem dividir-se e crescer. A Advanced Cell Technologies selecionou doze doadoras de óvulos entre 24 e 32 anos que tiveram pelo menos um filho. Ao longo desse processo a empresa também realizou biópsias de vários outros indivíduos anônimos para isolar células denominadas fibroblastos, a serem usadas nos procedimentos de clonagem. Essas pessoas ou tinham saúde perfeita ou apresentavam distúrbios como diabetes ou lesões na medula, ou seja, gente que, em tese, se beneficiaria da clonagem terapêutica. Depois de algumas tentativas frustradas, os cientistas da Advanced Cell Technologies recorreram ao expediente usado pela equipe de Teruhiko Wakayama, em 1998, para criar os primeiros camundongos clonados. Nessa época Wakayama trabalhava na Universidade do Havaí e atualmente é integrante da Advanc ed Cell Technologies. Além de injetar o núcleo de fibroblastos da pele em óvulos previamente enucleados, como já fora feito, os cientistas introduziram em outros óvulos células do ovário chamadas cumulus, que normalmente alimentam os óvulos em desenvolvimento e podem ser encontradas aderidas aos óvulos após a ovulação. As cumulus são tão pequenas que podem ser injetadas por inteiro. No final foram empregados 71 óvulos de sete doadoras antes que fosse gerado o primeiro embrião clonado. Dos oito óvulos que receberam cumulus, dois se dividiram para formar embriões de quatro células, e um deles chegou a pelo menos seis células, antes que o processo de crescimento fosse interrompido. Os cientistas da Advanced Cell Technologies também investigaram se poderiam induzir óvulos humanos a dividir-se por partenogênese, dando origem aos primeiros estágios embrionários sem passarem pela técnica de transferência nuclear. As células-tronco produzidas a partir dessas células ativadas partenogeneticamente têm boas chances de não serem rejeitadas após um transplante, pois são muito similares às células do próprio paciente e não produziriam muitas moléculas estranhas ao sistema imunológico dessa pessoa. Tais células também provocariam para algumas pessoas dilemas morais menores do que ocorreria com células-tronco derivadas de clonagem de embriões. Nas experiências de partenogênese conduzidas na Advanced Cell Technologies, 22 óvulos foram expostos a substâncias químicas que alteraram a concentração de íons (átomos carregados eletricamente) nas células. Depois de 5 dias em cultura, seis óvulos desenvolveram-se no que eram aparentemente blastocistos, mas nenhum deles tinha claramente a massa embrionária interna de células que produz as células-tronco. Estas podem ser induzidas em laboratório a desenvolver-se numa variedade de células que poderão um dia ser injetadas em pacientes. O desenvolvimento dessas técnicas implica benefícios imensos aos portadores de doenças como mal de Parkinson, diabetes, distúrbios do sistema imunológico, mal de Alzheimer e doenças que envolvem o sangue e a medula. Ainda não se sabe se as células clonadas ou aquelas obtidas a partir da partenogênese são adequadas para uso terapêutico; porém, estudos em animais clonados demonstraram que os clones são sadios. Traduzido e adaptado por Sônia Lopes e Eduardo Araia de: “The first human cloned embryo”, escrito por Jose B. Cibelli, Robert P. Lanza e Michael D. West, com Carol Ezzell, em Scientific American, Janeiro 2002, p. 42-49.

Nomes científicos

Tradução de Noraly Shawen Liou Nomes científicos Link para o original: http://diglib1.amnh.org/articles/sci_names/sci_names.pdf Gordy Slack. America Museum of Natural History. 2002. Cerca de dois milhões de espécies de plantas e animais já foram descritos pela ciência. Isso representa apenas uma pequena porcentagem em relação à estimativa real: de dez a cem milhões de espécies ainda não foram catalogadas. Para eliminar a ambiguidade que surgiu com a atribuição de nomes a plantas e animais, Carl Linnaeus, médico e botânico do séc. XVIII, desenvolveu um rigoroso sistema de nomeação. Esse sistema de classificação atribui a cada tipo de organismo um reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. A unidade de classificação é a espécie, e cada tipo de organismo deve ser universalmente conhecido por um nome composto de duas partes (binomial), gênero e espécie. Esse binômio é geralmente derivado do grego ou latim, a escrita científica mundialmente usada na época. Os binômios são tradicionalmente escritos em itálico para mostrar que são nomes científicos e não nomes comuns. O nome do gênero é sempre com a letra inicial maiúscula, e o nome da espécie, em minúscula. A tabela demonstra como funciona a hierarquia de classificação: Tradução de Noraly Shawen Liou Reino Animalia Filo Chordata (Vertebrados) Classe Mammalia (mamíferos) Ordem Artiodactyla (Ungulados) Família Giraffidae Gênero Okapia Espécie johnstoni Os Okapia possuem vários nomes populares em muitas línguas diferentes, mas quando um cientista escreve Okapia johnstoni, todos os biólogos ao redor do mundo sabem, precisamente, a que tipo de animal ele está se referindo. Nos últimos dois séculos, o sistema de Linnaeus tem sido revisto em alguns pontos. Por exemplo, o sistema originalmente utilizava o número e o tipo de partes reprodutivas das plantas para dividi-las em diferentes categorias, ou taxons. Essa abordagem resultou em alguns agrupamentos antinaturais e foi substituída por outra, elaborada pelo naturalista inglês John Ray, e que se tornou popular. O sistema de Ray analisa as características morfológicas de todas as partes de um organismo e em todas as fases de seu desenvolvimento, para assim concluir a qual grupo ele pertenceria. Apesar disso, o sistema de classificação hierárquico de Linnaeus e sua nomenclatura binomial permanecem em uso e seu autor, considerado como o fundador da taxonomia moderna. A descoberta da natureza evolutiva da história da vida na Terra trouxe uma nova dimensão à ciência da taxonomia. Os cientistas modernos não querem só agrupar os organismos com base em suas características físicas, ou em susa morfologia, mas que esses Tradução de Noraly Shawen Liou agrupamentos reflitam as relações entre os diferentes organismos ao longo do tempo. A Filogenia é a ciência que estuda as relações evolutivas dos organismos e as expressa por meio de diagramas, chamados cladogramas, que mostram a similaridade genética entre as espécies. Hoje, quando uma nova espécie de mamífero é descoberta, os biólogos examinam sua morfologia, seu tempo de vida, comportamento, habitat e DNA, antes de determinar exatamente em qual posição ela deva ser colocada na Árvore da Vida. As técnicas da genética moderna às vezes surprendem ao mostrar organismos que parecem similares e que, no entanto, são remotamente relacionados. Por exemplo, os Okapia, que durante muito tempo pensava-se ser relacionado ao grupo das zebras, posteriormente, por meio de exame morfológico detalhado, descobriu-se ser parente próximo de outro grupo, o das girafas. No Museu Americano de História Natural e em outros museus e universidades do mundo, o projeto de Linnaeus de classificação e nomeação da diversidade da Terra continua em andamento. Conhecendo apenas uma porcentagem da biodiversidade, os biólogos tentam entender a vida, da mesma forma que os químicos tentam conhecer a química com apenas um quinto dos elementos da tabela periódica. © 2002 Museu Americano de História Natural Artigo relacionado: http://animaldiversity.ummz.umich.edu/site/animal_names/scientific _name.html. Acesso em nov. 2010.